The Bells of Saint John: O Doutor na teia da conexão



De forma sutil e criativa, The Bells of Saint John é um dos melhores episódios quando se trata de criar um antagonismo a partir de elementos reais e, ao mesmo tempo, abordar questões pertinentes. Em um primeiro momento, é possível relacionar a ideia da trama com um vírus que, em vez de infectar o computador de seu usuário, acaba por prendê-lo dentro do próprio sistema. Esse cenário lembra muito a imagem de uma aranha que atrai presas para sua teia cheia de conexões e filamentos; todos fazem parte de um todo maior.


O mais interessante é que todo esse esquema é montado, no episódio, por uma empresa conhecida como A Shard. Tudo começa quando alguém procura por Wi-Fi e encontra uma rede com símbolos estranhos. Ao clicar nela, sua mente fica presa em uma nuvem de dados. Por isso, você não sabe onde está, condenado(a) a vagar por lá como um fantasma que grita por socorro. O 11º Doutor descobre isso quando reencontra Clara Oswald e percebe que ela também foi capturada.


Para resolver essa situação, o Senhor do Tempo precisa entender com quem está lidando e como enfrentar essa disputa digital. Assim começa, literalmente, uma corrida contra o tempo para salvar sua futura companheira e libertar o máximo de pessoas possível. Nesse momento, vemos uma das melhores sequências de diálogo do episódio, ao meu ver, quando Rosemary Kizlet, grande responsável por essa operação da Shard, mostra ao Doutor como manipula as pessoas já presas na teia dessa conexão.


Nesse sentido, o próprio episódio apresenta uma crítica ao comportamento de muitas pessoas na internet, que reproduzem automaticamente o que consomem, sem senso crítico. São como marionetes que seguem um roteiro pré-determinado, linha por linha. Essa metáfora é ainda mais atual se pensarmos em como discursos são repetidos, fake news são espalhadas e opiniões se moldam em bolhas virtuais, sem questionar a fonte. O Doutor surge como um lembrete de que sempre existe uma forma de escapar dessa teia, desde que se mantenha a curiosidade, a dúvida e a vontade de pensar por conta própria.


Felizmente, o Doutor consegue encontrar uma solução interna que destrói toda essa rede manipuladora de conexão virtual. Por trás de tudo, havia um arquiteto ainda maior: a Grande Inteligência. Apesar dessa tentativa arbitrária de dominação pelo meio virtual não ter dado certo, ficou a pista de como, futuramente, essa grande ameaça tentaria mais uma vez destruir o Doutor.

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