A Long Game e o poder da informação

 


Uma das facetas mais admiráveis da ficção científica é sua capacidade de imaginar o futuro, especialmente em suas versões mais absurdas e distópicas. Esse é o caso de A Long Game, o sétimo episódio da primeira temporada da Era Moderna de Doctor Who. A trama nos transporta para um tempo em que a informação se tornou uma arma de poder absoluto. Com tom satírico, o episódio questiona a mídia e expõe a fragilidade das histórias e evidências transmitidas ao público, mostrando como a humanidade pode ser manipulada e privada de senso crítico.

O episódio também destaca algo ainda mais perturbador. Mesmo aqueles que resistem ao sistema estão vulneráveis, facilmente rastreados por um chip implantado voluntariamente em suas cabeças. Adam, que acompanha o 9º Doutor e Rose, é o exemplo perfeito disso. Motivado pela ganância, opta por instalar o implante para obter acesso irrestrito a informações. Não busca enfrentar o sistema, mas sim tirar vantagem dentro dele, em claro contraste com a postura do Doutor, que desde o início desconfia da realidade ao redor.

Essa desconfiança é suficiente para gerar temor em uma jornalista que trabalha de forma mecânica, recebendo e transmitindo dados sem questioná-los. A presença do Doutor e suas ações, no entanto, a inspiram a adotar uma postura mais crítica. Ela descobre que informar exige análise cuidadosa, atitude quase revolucionária em uma sociedade dominada pelo consumo excessivo e pela manipulação.

O que torna essa história memorável é sua relevância atemporal. Mesmo em 2005, antes da popularização das redes sociais, A Long Game já alertava para os perigos da manipulação midiática. Hoje a crítica ecoa ainda mais forte, em um mundo marcado tanto pela distorção de fatos quanto pela disseminação do ódio.

No fim, o episódio deixa uma lição valiosa e uma esperança silenciosa. Que possamos aprender com essas narrativas antes que tais cenários deixem de ser ficção.


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