The Beast Below: quando a empatia desafia a democracia
Obrigatório ou não, um detalhe que depende muito da sua localização no tempo e no espaço, o voto sempre foi um elemento essencial para definir os caminhos a serem seguidos em um ambiente democrático. Mesmo com toda a seriedade que um tema político como esse merece, nada impede que haja uma abordagem mais lúdica, como acontece em “The Beast Below”, o segundo episódio da quinta temporada de Doctor Who.
Na primeira viagem de Amy na TARDIS, o 11º Doutor a leva para o século 33, a bordo da Starship UK, refúgio britânico após a Terra ter se tornado inabitável. Porém, a dupla percebe que há algo errado acontecendo na nave, já que crianças estão desaparecendo e ninguém parece se importar com o ocorrido.
Por diversos motivos, “The Beast Below” serve como um excelente ponto de partida para a construção do estilo das histórias dessa regeneração do Doutor. A forma como ele lida com as crianças e o jeito como interage com elas cativam pela sua caricatura divertida, no melhor estilo “bobo alegre”, algo que veríamos em vários episódios mais adiante.
Outro ponto importante é a maneira como a questão da empatia entra em pauta. Quando o mistério é revelado e descobrem que a baleia espacial, que serve de motor para a Starship UK, está sendo torturada como forma de garantir a sobrevivência de todos os refugiados britânicos, o Senhor do Tempo e sua companion se veem diante do dilema sobre o que fazer. Várias vidas estão em jogo, incluindo a da própria baleia.
Incapaz de aceitar que aquela criatura, a última de sua espécie, continue sofrendo, o Doutor decide acabar com a dor dela, mas sem comprometer a vida das pessoas que sobrevivem graças ao seu sacrifício. Ele chega a considerar abandonar o nome que carrega há séculos, até que Amy Pond o faz enxergar a situação sob outra perspectiva:
A partir desse olhar, o Doutor percebe que toda a dor da baleia se tornara desnecessária. Amy descobre que o enorme ser estava se voluntariando para salvar os humanos, movido por compaixão, mesmo diante de anos de sofrimento.
A questão das escolhas ganha aqui um aspecto essencial. Todos os habitantes da nave sempre tiveram a oportunidade de votar quando chegavam à idade certa. No entanto, nenhum deles escolheu libertar a baleia, preferindo esquecer a verdade e continuar vivendo na ilusão.
Assim, com essa democracia em ação, “The Beast Below” mostra como sempre devemos ter consciência de nossas ações antes de qualquer decisão. Mais do que isso, o episódio reforça a importância de não esquecer a história, para que erros como esses jamais se repitam.
Por fim, ao abordar empatia, política, compaixão e consciência sobre o voto, este episódio revelou o potencial da Era do 11º Doutor para construir histórias que emocionam e marcam o público, como só Doctor Who é capaz de fazer.




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