Doctor Who e o Universo das Crianças





Em 12 de outubro, data em que se comemora o Dia das Crianças, vale refletir sobre como Doctor Who se conecta a esse universo, mesmo não sendo uma série infantil. Aproveitando essa ocasião especial, é interessante pensar sobre a presença de crianças na série, que muitas vezes têm papel essencial, e também sobre a inspiração que o programa foi e continua sendo para muitos jovens.


Durante a Era Moderna, Doctor Who apresentou diversas histórias em que as crianças têm papel importante. Em muitos casos, elas representam a curiosidade, o medo e a esperança que definem a própria essência da série. Para entender melhor essa conexão, vale revisitar algumas viagens do Doutor pelo tempo e espaço nas primeiras temporadas dessa fase moderna.


9º Doutor (Christopher Eccleston)


The Empty Child” / “The Doctor Dances” (1ª temporada, 2005)


O foco da história, Timothy Lloyd (Luke Perry), ficou conhecido na série por conta da icônica frase “Are you my mummy?”, que seria posteriormente referenciada pelo próprio Doutor em "The Sontaran Stratagem" (S4E4) e "Mummy on the Orient Express" (S8E8), em tom cômico. Sua presença representa o trauma da guerra e motiva o Doutor a recuperar a fé na vida, em um raro final feliz com a frase “Everybody lives!”.





10º Doutor (David Tennant)


Fear Her” (2ª temporada, 2006)


Na premissa, Chloe (Abisola Agbaje) é uma menina solitária que transforma pessoas em desenhos por influência alienígena. De forma lúdica, o episódio discute solidão e imaginação infantil.


Human Nature” / “The Family of Blood” (3ª temporada, 2007)


Nessa história dividida em duas partes, as crianças da escola militar têm papel crucial, com destaque para Timothy Latimer (Thomas Brodie-Sangster), o menino que entende a essência do Doutor ao entrar em contato com suas memórias armazenadas em um relógio.





11º Doutor (Matt Smith)


The Eleventh Hour” (5ª temporada, 2010)


Após a regeneração do 10º para o 11º Doutor, o protagonista surge no quintal de uma menina que está sozinha em casa. Essa é Amélia Pond (Caitlin Blackwood), personagem que marca profundamente essa fase quando retorna, já adulta, interpretada por Karen Gillan.





The Beast Below” (5ª temporada, 2010)


O episódio seguinte se passa no futuro e mostra a empatia de Amy ao perceber que uma baleia espacial se voluntaria para diminuir o sofrimento de crianças refugiadas. São os pequenos que se tornam a motivação para a ação de todos — Amy, o Doutor e até a criatura.


Night Terrors” (6ª temporada, 2011)


Recebendo um pedido de socorro pelo papel psíquico, o Doutor vai até a casa do garoto George (Jamie Oram) e descobre que os monstros dentro do seu guarda-roupa são reais. Além de abordar o medo infantil, a série mostra como o protagonista sempre está pronto para agir quando crianças estão em perigo, mesmo quando os adultos não acreditam nelas.





The Doctor, the Widow and the Wardrobe” (especial de Natal, 2011)


Na véspera de Natal de 1941, o Doutor se passa por zelador para dar a uma família um Natal inesquecível, mas tudo muda quando o menino Cyril Arwell (Maurice Cole) entra em um mundo de floresta nevada cheio de perigos. Inspirado em As Crônicas de Nárnia, o especial mostra como o amor de uma mãe e a curiosidade das crianças se misturam à magia e à esperança típicas da série.





"The Rings of Akhaten" (7ª temporada, 2013)


Nesse episódio, o Doutor e Clara conhecem Merry Galel (Emilia Jones), uma jovem escolhida para cantar em uma cerimônia sagrada. Ela deve enfrentar o medo de falhar diante de uma criatura antiga e poderosa. O episódio combina música, emoção e a visão do Doutor sobre o valor das lembranças. Mais do que isso, também mostra como a série usa a perspectiva de uma criança para refletir sobre a fé, oralidade e tradição.






12º Doutor (Peter Capaldi)


Listen” (8ª temporada, 2014)


Mais uma vez, o medo infantil é explorado com sensibilidade. O clássico temor do monstro debaixo da cama ganha nova dimensão ao revelar que até o próprio Doutor tem seus medos. O episódio apresenta o pequeno Rupert Pink (futuro Danny) e também um vislumbre da infância do Senhor do Tempo. Clara Oswald, com seu papel central, consegue encorajar ambos a enfrentar seus medos, um gesto que se torna decisivo nas jornadas dos dois.





The Return of Doctor Mysterio” (especial de Natal, 2016)


Na trama ambientada em Nova York, o Doutor acidentalmente concede superpoderes a um garoto, que anos depois se torna o herói mascarado Fantasma. Inspirado nos quadrinhos, o especial combina aventura e humor, mostrando que, independentemente da regeneração, o Doutor sempre encontra uma forma única de se conectar ao olhar infantil.





13ª Doutora (Jodie Whittaker)


Por último, mas não menos importante, está a 13ª Doutora. Sua chegada representou uma quebra de paradigma e trouxe mais representatividade para a série.


Esse é o caso do vídeo viral de uma garotinha reagindo ao anúncio de Jodie Whittaker como a nova Doutora. Sua alegria espontânea ilustra o impacto da representatividade e a força simbólica de ver uma mulher ocupando o papel de protagonista na série.





E o futuro?


A presença de crianças em Doctor Who sempre representou mais do que participações ocasionais. Elas são o reflexo da curiosidade e da esperança que definem a essência da série. Essa ligação agora se amplia com a confirmação de uma nova animação voltada ao público pré-escolar, desenvolvida em parceria com o canal CBeebies. Prevista para estrear entre 2027 e 2029, a produção terá mais de cinquenta episódios curtos, criados para introduzir o universo do Doutor de forma acolhedora e imaginativa. Fica a expectativa para que esse projeto mantenha o espírito da série e continue inspirando novas gerações a explorar o desconhecido com coragem e coração.


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